EQUIPAS TÉCNICAS—QUE
FUTURO …OU QUE FILOSOFIAS DE FUTURO?
“e a partir do momento em que for
descoberto e estabelecido que a forma não é física e sim desportiva, qual será
a função de cada um neste processo?”
Muito se tem falado, nos últimos tempos ,
a respeito da Periodização Táctica e consequentemente na redução do espaço nas
equipas técnicas para o preparador físico. Defendem alguns que na Periodização
Táctica, nada ou quase nada tem a ver com rendimento físico puro. Neste
conceito, tudo fica dependente do modelo de jogo, organizado em princípios,
sub-princípios e sub-princípios dos sub-princípios de jogo. Também neste
conceito não conheço ninguém melhor que os treinadores e principalmente os que
praticaram o jogo , para melhor entenderem o jogo e fazer treinar como se joga
e em função do jogo.
O que verdade ocorre de facto é uma onda
de admiradores desta nova forma de pensar o futebol (PT), jovens profissionais ,
talvez impulsionados por teóricos que nunca tiveram oportunidade de praticar as
suas teorias e pelo anseio de se tornarem sofisticados e modernamente
actualizados, a jogarem-se de cabeça numa metodologia de treino que vai muito
mais além do que acontece no dia-dia de trabalho de uma equipa de futebol .
Procurando tornar mais eficiente e
específica a minha Equipa Técnica , tenho ocupado muito do meu tempo a
fazer uma reflexão profunda a respeito
das funções e da representatividade de cada um dentro do processo de treino e
preparação das equipas para um alto rendimento desportivo.
Como treinador,
enquanto “leader” da Equipa Técnica, preciso ter ao meu lado treinadores que
alimentem o meu trabalho com as informações que serão parâmetros para cada uma
das minhas decisões em relação a cada atleta e para a minha equipa.
Neste
sentido, e a partir do momento em que for descoberto e estabelecido que a forma
não é física e sim desportiva, qual será a função de cada um neste processo?
Há muito que deixei de ser partidário da
luta de saber se a correcta metodologia deve ser cor de Frade ou se nasceu em
Natal. Se ambas existem porque não utilizar as duas? Se ambas existem porque
não , fazer “MAIS DO QUE UM TODO”, da soma das partes? Mas mais do isso, deixei
também de ser partidário da seguinte conclusão;
“Treinador
treina, preparador prepara e jogador joga”
sou agora um fiel depositário do conceito;
“Treinadores
treinam , jogadores jogam”
Se com isto , acabei de decretar a morte (eles quase que o fizeram com a PT) dos
preparadores físicos?. Nada é mais errado ou mais estúpido. O que fiz foi
deixar de ter preparadores físicos por
obrigação na minha equipa técnica e passar a ter em seu lugar,
Treinadores especializados na área da ciência do treino.
O que está sendo discutido aqui não é se
o preparador físico é menos ou mais importante que se pensava, ou se foi o fim
dos preparadores nas equipas técnicas, mas sim a necessidade de reflectir até
que ponto os preparadores físicos podem e devem agir para contribuir para a
melhoria de rendimento dos atletas e da equipa (e não só da parte física).
A tendência do preparador físico deverá
ser cada vez mais, sem deixar de dar atenção aos valores absolutos dos Vo2 máx,
limiares, potências de salto, e tantos outros, o de procurar um maior
equilíbrio muscular e um melhor padrão de movimentos possibilitando gestos
específicos intensos e potentes determinantes nas principais acções dos
futebolistas. Com cada vez mais estudos e os dados científicos em mãos é
obrigação do preparador físico elaborar mais e melhores exercícios com
transferência para a modalidade. No caso do futebolista, os exercícios devem
estar relacionados com os movimentos específicos do jogo de futebol. Dia após
dia os preparadores físicos devem estar interligados dentro dos treinos
específicos e através desses procurar direccionar as capacidades físicas através
dos modelos de jogo pré-estabelecidos pelo Técnico Principal.
Assim defini o meu
conceito , para a minha Equipa Técnica
de futuro;
1- Um Treinador de campo
(NIVEL IV) - (assistente principal) que se encarrega de ser o coordenador e
orientador de todo o trabalho definido
pelo Treinador Principal , depois de ouvida a sua equipa técnica (trata de
transições de sistemas, modelo de jogo, estratégias definidas , princípios e
sub-princípios do modelo orientador).
2-
Treinador de Guarda-redes (NIVEL IV) - (especificidade de lugar)
3-
Treinador (NIVEL IV) - especialista na área do treino científico
especifico para a modalidade, que colabora com o assistente principal no trabalho de
campo definido pelo Treinador Principal.
4- Treinador (NIVEL IV) - especializado
na observação de adversários, em trabalho de modernas tecnologias, relatórios
técnicos (de várias temáticas) e gestão e administração de espaços de treino e
relacionamento com outros departamentos.
Os
quatro treinadores terão ter sempre presentes a titulo exemplificativo o seguinte:
1 - Treinos com bola - determinantes para o
alto rendimento dos atletas de futebol e para a definição do padrão de jogo bem
como suas estratégias de transições sistémicas (ou se quiserem transições de
sistemas). Nesses treinos, as condicionantes físicas terão sempre percentagens
dominantemente especificas ou mantidas por arrasto.
2 - Treinos de força - essenciais para a
melhoria dos movimentos específicos potentes dos futebolistas, bem como
importantes para o equilíbrio corporal e muscular, determinantes também como
profilaxia de lesões musculares e articulares.
Será mera falta de
inteligência se pode confundir treinos de força com treinos de musculação em
aparelhos de forma tradicional. Quando escrevo treino de força, estou a referi-me
àquelas acções que estimulam movimentos através de acções com pouca ou nenhuma
sobrecarga, em cadeia cinética fechada, estimulando os exercícios com peso
corporal acrescentando poucos acessórios relacionados ao Treino Funcional.
Nota : Esta minha forma de pensar, não passa um
milímetro do que é o meu pensamento. Não pretendo ser dono de nada muito menos
, dos pensamentos dos outros e afirmar-me como o melhor de todos os pensadores.
Somei para este pensamento , muitas vitorias e derrotas, muito vestir e despir
de fatos de treino, muita prática à qual quero continuar a juntar teoria que
vem do trabalho dos outros a quem agradeço.