sexta-feira, 31 de agosto de 2012

EQUIPAS TÉCNICAS—QUE FUTURO …OU QUE FILOSOFIAS DE FUTURO?


EQUIPAS TÉCNICAS—QUE FUTURO …OU QUE FILOSOFIAS DE FUTURO?

         “e a partir do momento em que for descoberto e estabelecido que a forma não é física e sim desportiva, qual será a função de cada um neste processo?”

      Muito se tem falado, nos últimos tempos , a respeito da Periodização Táctica e consequentemente na redução do espaço nas equipas técnicas para o preparador físico. Defendem alguns que na Periodização Táctica, nada ou quase nada tem a ver com rendimento físico puro. Neste conceito, tudo fica dependente do modelo de jogo, organizado em princípios, sub-princípios e sub-princípios dos sub-princípios de jogo. Também neste conceito não conheço ninguém melhor que os treinadores e principalmente os que praticaram o jogo , para melhor entenderem o jogo e fazer treinar como se joga e em função do jogo.
      O que verdade ocorre de facto é uma onda de admiradores desta nova forma de pensar o futebol (PT), jovens profissionais , talvez impulsionados por teóricos que nunca tiveram oportunidade de praticar as suas teorias e pelo anseio de se tornarem sofisticados e modernamente actualizados, a jogarem-se de cabeça numa metodologia de treino que vai muito mais além do que acontece no dia-dia de trabalho de uma equipa de futebol .
      Procurando tornar mais eficiente e específica a minha Equipa Técnica , tenho ocupado muito do meu tempo a fazer  uma reflexão profunda a respeito das funções e da representatividade de cada um dentro do processo de treino e preparação das equipas para um alto rendimento desportivo.

Como treinador, enquanto “leader” da Equipa Técnica, preciso ter ao meu lado treinadores que alimentem o meu trabalho com as informações que serão parâmetros para cada uma das minhas decisões em relação a cada atleta e para a minha equipa.

Neste sentido, e a partir do momento em que for descoberto e estabelecido que a forma não é física e sim desportiva, qual será a função de cada um neste processo?
      Há muito que deixei de ser partidário da luta de saber se a correcta metodologia deve ser cor de Frade ou se nasceu em Natal. Se ambas existem porque não utilizar as duas? Se ambas existem porque não , fazer “MAIS DO QUE UM TODO”, da soma das partes? Mas mais do isso, deixei também de ser partidário da seguinte conclusão;

     “Treinador treina, preparador prepara e jogador joga”

sou  agora um fiel depositário do conceito;

      “Treinadores treinam , jogadores jogam”

      Se com isto , acabei de decretar a morte (eles quase que o fizeram com a PT) dos preparadores físicos?. Nada é mais errado ou mais estúpido. O que fiz foi deixar de ter preparadores físicos por  obrigação na minha equipa técnica e passar a ter em seu lugar, Treinadores especializados na área da ciência do treino.   
      O que está sendo discutido aqui não é se o preparador físico é menos ou mais importante que se pensava, ou se foi o fim dos preparadores nas equipas técnicas, mas sim a necessidade de reflectir até que ponto os preparadores físicos podem e devem agir para contribuir para a melhoria de rendimento dos atletas e da equipa (e não só da parte física).
      A tendência do preparador físico deverá ser cada vez mais, sem deixar de dar atenção aos valores absolutos dos Vo2 máx, limiares, potências de salto, e tantos outros, o de procurar um maior equilíbrio muscular e um melhor padrão de movimentos possibilitando gestos específicos intensos e potentes determinantes nas principais acções dos futebolistas. Com cada vez mais estudos e os dados científicos em mãos é obrigação do preparador físico elaborar mais e melhores exercícios com transferência para a modalidade. No caso do futebolista, os exercícios devem estar relacionados com os movimentos específicos do jogo de futebol. Dia após dia os preparadores físicos devem estar interligados dentro dos treinos específicos e através desses procurar direccionar as capacidades físicas através dos modelos de jogo pré-estabelecidos pelo Técnico Principal.

Assim defini o meu conceito ,  para a minha Equipa Técnica de futuro;

1-    Um Treinador de campo (NIVEL IV) - (assistente principal) que se encarrega de ser o coordenador e orientador de todo o trabalho definido pelo Treinador Principal , depois de ouvida a sua equipa técnica (trata de transições de sistemas, modelo de jogo, estratégias definidas , princípios e sub-princípios do modelo orientador).

        2-  Treinador de Guarda-redes (NIVEL IV) - (especificidade de lugar)

        3-  Treinador (NIVEL IV) - especialista na área do treino científico especifico para a modalidade, que colabora    com o assistente principal no trabalho de campo definido pelo Treinador Principal.

        4- Treinador (NIVEL IV) - especializado na observação de adversários, em trabalho de modernas tecnologias, relatórios técnicos (de várias temáticas) e gestão e administração de espaços de treino e relacionamento com outros departamentos.


Os quatro treinadores terão ter sempre presentes a titulo exemplificativo o seguinte:

1 - Treinos com bola - determinantes para o alto rendimento dos atletas de futebol e para a definição do padrão de jogo bem como suas estratégias de transições sistémicas (ou se quiserem transições de sistemas). Nesses treinos, as condicionantes físicas terão sempre percentagens dominantemente especificas ou mantidas por arrasto.

2 - Treinos de força - essenciais para a melhoria dos movimentos específicos potentes dos futebolistas, bem como importantes para o equilíbrio corporal e muscular, determinantes também como profilaxia de lesões musculares e articulares.
Será mera falta de inteligência se pode confundir treinos de força com treinos de musculação em aparelhos de forma tradicional. Quando escrevo treino de força, estou a referi-me àquelas acções que estimulam movimentos através de acções com pouca ou nenhuma sobrecarga, em cadeia cinética fechada, estimulando os exercícios com peso corporal acrescentando poucos acessórios relacionados ao Treino Funcional.

Nota : Esta minha forma de pensar, não passa um milímetro do que é o meu pensamento. Não pretendo ser dono de nada muito menos , dos pensamentos dos outros e afirmar-me como o melhor de todos os pensadores. Somei para este pensamento , muitas vitorias e derrotas, muito vestir e despir de fatos de treino, muita prática à qual quero continuar a juntar teoria que vem do trabalho dos outros a quem agradeço.