quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sistema Táctico ou Movimentação Sistémica


Sistema Táctico ou Movimentação Sistémica
“Por isso sou um defensor da transição de sistemas em detrimento das transições ofensivas ou defensivas

Muitos foram os anos em que sempre ajudei os outros a fazerem uma ideia errada sobre mim. Confesso que com isso sempre ganhei muito mais do que pensam que perdi. Fui dos primeiros a utilizar a velha frase de que :” quem só percebe de tácticas , não percebe nada de futebol”, e sempre fui ajudando a pensarem que tacticamente era um fracasso, que odiava a PT (periodização táctica) e que por dizer aos meus amigos que os Princípios dos meus modelos de jogo estava mais dependente das horas das transmissões da SporTV do que propriamente de mim , não tinha portanto a teoria suficiente para alimentar a minha prática , não passando mais do que um simples “gajo da bola”.
Deixem-me escrever um pouco sobre sistemas tácticos , modelos de jogo e princípios , sub-princípios  e por aí fora.... Para isso necessito claramente da vossa bondade , de finalmente quererem aceitar que o facto de ser mais velho também tem algumas vantagens e não só desvantagens.
Não precisei de ouvir Mourinho (2006) quando afirmou que ter um modelo de jogo definido é o mais importante para uma equipa de futebol, e que esse modelo é um conjunto de princípios que dão organização à sua equipa por isso deve ter relevância especial desde o primeiro dia de trabalho , nem de ler loucamente o Prof. Dr. Júlio Garganta que escreveu muito na década de 90, sobre o assunto, devido à relação que o mesmo tem como sua proposta metodológica de ensino para os jogos desportivos colectivos.
Na necessidade e ânsia que eu tinha de teorizar a minha prática (comecei em 82/83) eu já tinha lido Teodurescu que em 1984 ainda que por palavras distintas se tinha referido ao conceito MJ (modelo de jogo) com muita proximidade e com uma antecedência de mais de vinte anos em relação a Mourinho.
O que disse Teodurescu ? Considerou que o modelo de jogo (MJ) é uma referência, construída a partir de outras referências de ordem de rendimento superior, que postulam um conjunto de acções individuais e colectivas dos jogadores e da equipa, integradas com o espírito físico e psíquico característico do jogo.

Uma primeira nota: “(para mim Mourinho é o melhor treinador do mundo e sem ler Júlio Garganta eu nunca teria evoluído tanto)”.

Os mais inteligentes podem entender agora que ser moderno não é o mesmo que ser actual e que ser actual e estar sempre moderno sem desconhecer o passado.
Por isso nunca quis ser um treinador moderno. Por isso sempre tentei fugir das expressões  medíocres , dos sistemas tácticos, das transições ofensivas e defensivas , do defender com linhas muito juntas ou próximas. Defender com linhas muito juntas não será por exemplo defender tudo ao monte ou colocar um autocarro?
Entre transições rápidas e lentas não se terão esquecido das temporizações (olhem o Barcelona) que são por vezes actos de elevada inteligência em vez de serem consideradas depreciativamente como uma transição lenta.
E quando se fala do sistema de jogo? Bem , aí é como picar uma cebola o discurso de alguns projectos de treinadores e comentadores, que sem autorização entram em nossa casa via televisão.  Só nos fazem chorar.
Tal como todas as equipas tem um (MJ) modelo de jogo  (nem que seja o pontapé para a frente ) , nenhuma equipa tem um sistema de jogo único durante todo o jogo, embora tenha um que servirá de “filosofia” para as transições sistemáticas que o jogo fará acontecer nos seus momentos defensivos e ofensivos.
 Sempre preferi internamente falar em movimentação sistémica que no dicionário se pode ler como a movimentação de coisas (pode ser a bola), de pessoas (podem ser os jogadores) e de ideias ( que pode ser o modelo escolhido pelo treinador).
Por isso sou um defensor da transição de sistemas em detrimento das transições ofensivas ou defensivas.
Por hoje chega. Outro dia eu irei voltar para falar um pouco mais de futebol e não das palavras que fazem imaginar que alguém sabe de futebol.

3 comentários:

  1. Mister, mais uma vez lhe tiro o chapéu. Sou um treinador jovem, ainda na base e com muita coisa para aprender, nível 2 de treinador com 28 anos e sem cunhas/conhecimentos no mundo do futebol. Gostaria muito de um dia poder trabalhar consigo, certamente aprenderia mesmo muito todos os dias. O Sr. acima de ser um óptimo treinador, é um grande homem, coisa que falta às vezes a muitos. Um abraço e continue a ser você mesmo.

    ResponderEliminar
  2. Mister, tiro-lhe o meu chapeu !
    Também sou um projecto de treinador e por vezes fico estupfacto com certas «teorias de elevado grau de inteligência» e abstracções que me fazem logo mudar de canal.
    Apenas por um motivo: do que eles falam eu não vi em campo...
    Mas a propriedade é tanta que eu sinto-me logo deslocado !!!
    E mudo de canal...
    Abraço.

    ResponderEliminar
  3. Mister que DEUS continue dando saude e te iluminando nas suas reflexoes sobre futebol.

    ResponderEliminar