“Quem só percebe de táctica não percebe nada de futebol!”. Esta frase também já a utilizei, e confesso que não fui o seu autor nem sei quem teve tamanha originalidade. Fico internamente feliz quando ouço ou leio que alguns colegas meus também a gostam de utilizar. Por causa de a aceitar na sua completa expressão, fui ao longo da minha carreira demasiadas vezes acusado de treinador antigo, desactualizado, ultrapassado na metodologia do treino, sem filosofia, enfim aquilo que na prática se chama do “vulgar treinador do pontapé na bola”. Em outro dia, prometo, escreverei sobre o ser “um treinador desalinhado” que sempre me chamaram e que confesso adorar continuar a ser. Ter “mestrado” da táctica ou ser doutorado nos 4x4 e qualquer coisa não e o “canudo” que necessito para ser um excelente treinador. Lamento apenas com tristeza tanta mediocridade.
“Sempre ouvi dizer que o futebol é coisa simples, regras fáceis de entender, movimentos naturais etc. etc. Os que continuam a defender essa ideia justificam, que e essa simplicidade que oferece/provoca tanto encanto nas pessoas. Então para que complicar com mais conhecimentos? Juntar a tácticas, conhecimentos de filosofia, de psicologia, de fisiologia, medicina desportiva e nutrição, comportamentos humanos e liderança, teologia e por ai fora….
Mais conhecimentos para quê?
Recuso determinantemente que o futebol seja uma coisa simples. Aceito que quando praticado de forma simples e realmente maravilhoso. Mas e preciso faze-lo ser simples e maravilhoso. Prefiro incluir o fenómeno futebol, com todas as suas nuances, no mesmo grau de complexidade que nos permite entender e interpretar a natureza humana. E cada vez mais urgente falar da humanização do futebol ou mais especificamente da humanização do treino. Ao compreender a natureza humana estaremos aptos para entender a humanização do treino. E chegado o momento de afastarmos definitivamente a ideia de que quanto mais conhecimentos trouxermos para o futebol, mais distantes ficamos dos resultados práticos.“Teorizar a pratica ou praticar a teoria será sempre o caminho mais valido para o sucesso”. Afinal teoria e quando se sabe tudo e nada funciona e pratica e quando tudo funciona mesmo sem se saber porque. Teoria e Pratica sem interacção ficam ambas isoladas e sem bons resultados..
Há conhecimentos e conhecimentos.
Existe o vulgar ou popularucho mas sábio conhecimento empírico, caracterizado pela forma espontânea e directa que temos de entender o mundo que nos cerca. Baseado em tradições, experiencias casuais, superficiais e por vezes ingénuas, leva-nos muitas vezes a prognósticos e resultados errados.
A teorização através dos estudos, leva-nos a conhecimentos científicos, mais elaborados, onde se busca ir além da visão empírica, procurando conhecer a realidade, e continuando a estudar ir ao encontro dos conhecimentos filosóficos e teológicos que buscam cada qual ao seu modo, explicações que escapam das percepções empíricas e científicas, mas que procuram, via de regra, compreender a vida e, em especial, dar sentido a existência humana.
Sobre estes conhecimentos sempre existira a visão tecnicista de grande influência nos meios científicos, culturais e pedagógicos e a visão especialista como instrumento de observação e pesquisa. Não podemos continuar mais a utilizar o paradigma do conhecimento especializado, particular e, portanto, fragmentado, para entendermos a realidade que nos cerca. A especialização, entendida de forma isolada e desconectada das suas relações com o mundo, a natureza e o homem, na forma mais ampla possível, já não faz o menor sentido.
No futebol, além da fragmentação advinda de perspectivas tecnicistas e especialistas, de uma forma geral, ainda predomina certa abordagem, que adopta alguns princípios científicos de forma estática, absoluta, como se esses princípios fossem verdades eternas e imutáveis, misturados com bastante empirismo (conhecimentos empíricos), que vem dificultando novos saltos de progresso na prática desta modalidade desportiva de grande influência nas sociedades contemporâneas.Já não digo que para que o futebol avance, mas sim para que não regrida em termos de resultados, expressão cultural e, particularmente, como forma de espectáculo, necessário será que aconteçam significativas mudanças na forma pela qual ele ainda é administrado, concebido, treinado e praticado.“Estamos cada vez mais a perder a noção do todo. A simples soma dos saberes especializados e individualizados já não nos conduz, com facilidade, aos resultados almejados. Não queremos negar a especialização e especificação, mas é preciso muito mais do que isso. Precisamos urgentemente de interacção, integração e sinergias”.
Novos conceitos para o futebol
Para se caminhar para a Humanização do Futebol ou do treino será necessário ampliar muito mais o que significa a noção do conhecimento e do que pode ele contribuir, assim como será importante reflectir sobre a necessidade de interacção, integração e sinergias entre as diferentes disciplinas e áreas do saber.Acredito que em futebol falar de conhecimentos empíricos, científicos, filosóficos e teológicos será uma surpresa para muitos, muito mais surpresa ainda será ser eu a falar-vos, mas quero acrescentar ainda termos como a disciplinaridade, multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade sobre os quais prometo escrever em um outro artigo .
Quero concluir
Repito…“Quem só sabe de tácticas nada percebe de futebol”. Como e giro, direi ate mesmo fascinante, ver e ouvir tantos “ignorantes futebolísticos” do nosso burgo a fazerem de homens do futebol moderno por falarem em linhas de passes, transições ofensivas e defensivas e ate há bem poucos dias ouvi isto na televisão: “as transições ofensivas multisectoriais foram muito lentas”. O futebol português comprou também muita incompetência, nos últimos anos. Mas claramente não foi por mal, terá apenas seguido o caminho do Pais. Se olharmos com olhos de ver que “teoria e quando se sabe tudo e nada funciona e que pratica e quando se ganha sem se saber porque”, facilmente chegamos a uma pequena conclusão. “NADA FUNCIONA E NINGUEM SABE PORQUE”, e que muita gente que nunca vestiu um calção jamais entendera que “Treinar a brincar não e a mesma coisa que brincar com o treino” e muito mais: QUE E MUITO DIFICIL TREINAR BEM SEM SABER PORQUE. Portem-se mal, porque existe neste Pais muita gente a portar-se bem. Mas estudem ao menos um bocadinho, não se esqueçam POR FAVOR
bibliografia : Google e Universidade do futebol
Joao Paulo Medina
na sua opinião existirá alguém dos professores que podem ser bons treinadores? Eu acho que eles querem é roubar o que não é deles porque nao percebem disto, só livros
ResponderEliminarUm sábio do Futebol... O Mister é o maior!
ResponderEliminarAté alguma comunicação social faz de Villas Boas licenciado em educação física,quando o homem tem apenas o 12º ano.Aliás,não vem mal nenhum ao mundo por isso.Agora,não queiram pôr todos com canudo!
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