A palavra EXPERIMENTO (português brasileiro) ou EXPERIENCIA (português europeu) refere-se a conhecimento de…, e pode ser empregue em conceitos tão diferentes como :
* Experiência/Conhecimento - conhecimento avançado sobre determinado assunto.
* Experiência científica - fase crucial do método experimental.
* Experiência etológica - termo de etologia relacionado com as situações de aprendizagem dos animais.
* Experiência filosófica - termo utilizado com significações diversas ao longo do tempo e consoante os filósofos que o usam.
* Experiência moral * Experiência ontológica
* Experiência religiosa - mística
* Experiência sexual - relação sexual
* Experiência com animais – teste
A AMBIÇÃO é como a bílis, humor que torna os homens activos ardentes, cheios de alacridade, e movimentados, se não for obstruída. Mas se for obstruída e não tiver curso livre, começa a ser adusta e portanto maligna e venenosa. Assim também os homens ambiciosos, encontram caminhos abertos para a sua ascensão e continuam a progredir, são mais negociosos do que perigosos; mas se forem contrariados nos seus desejos, tornam-se secretamente descontentes, e projectam mau-olhado sobre os outros homens e sobre as coisas; alegram-se apenas quando as coisas correm mal, o que é a pior condição no servidor de um príncipe ou de uma república.
Francis Bacon, in 'Ensaios - Da Ambição'
INOVAÇÃO significa novidade ou renovação. A palavra é derivada do termo latino innovatio, e refere-se a uma ideia, método ou objecto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. Hoje, a palavra inovação é mais usada no contexto de ideias e invenções, assim como a exploração económica relacionada, sendo que inovação é invenção que chega ao mercado.
De acordo com Freeman, inovação é o processo que inclui as actividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de novos (ou melhorados) produtos, ou na primeira utilização de novos (ou melhorados) processos.
Inovação pode ser também definida como fazer mais com menos recursos, por permitir ganhos de eficiência em processos, quer produtivos quer administrativos ou financeiros, quer na prestação de serviços, potenciar e ser motor de competitividade. A inovação quando cria aumentos de competitividade pode ser considerada um factor fundamental no crescimento económico de uma sociedade.
Confesso que durante a interacção dos meus pensamentos, realidades que me rodeiam, virtudes e defeitos de mentalidades, locais geograficamente diferentes e questões humanísticas, ao ser questionado sobre o que pensava pelo facto de Portugal ter a menor média de idades nos técnicos que orientam actualmente as melhores divisões do futebol europeu, ficou tão apavorado como a água de um rio que procura a solução oceano e quando lá chega encontra um problema maior. A grande verdade é que o campeonato onde a media é a maior (Inglaterra), é também o melhor campeonato do mundo, o mesmo acontecendo com as ligas de Espanha, Alemanha, Itália e França. Será que estaremos, uma vez mais, orgulhosamente sós e errados? Ou poderá dizer-se que inovando com ambição e experiencia poderemos melhorar e não perder a qualidade que se deseja?
E as interrogativas não me deixam momentos de lazer, sem que as dúvidas voltem, de novo, a questionar as várias realidades. Será que a ambição e inovação de André Villas-Boas teriam o mesmo sucesso sem a experiencia, a ambição e inovação de Jorge Nuno Pinto da Costa? Imaginemos que era solicitado aos sócios do F.C. do Porto uma votação sobre quem deveria ser dispensado. Se Pinto da Costa (experiencia), ou Villas-boas (ambição e inovação). Eu arrisco uma resposta. O dispensado seria…Villas-Boas (com todo o respeito, um grande treinador).
Será que Alex Ferguson (68 anos), com toda a sua experiência, limita o Manchester
United nas suas ambições e inovações?
José Mourinho estará, agora, com muito mais experiência, pior treinador do que há dez anos atrás?
Será que Luis Filipe Vieira se arrependeu de contratar o Jorge Jesus, quando foi campeão, logo na primeira época do treinador no Benfica? E o Jesualdo Ferreira, que é o único treinador português tri-campeão, tendo-o conseguido com mais de sessenta anos?
Os cinco melhores campeonatos da Europa têm a experiência como dominante na gestão técnico-táctica dos seus clubes. Em Portugal, a experiência foi jogada fora. Os clubes de futebol e os seus dirigentes fizeram com a experiência nos treinadores o mesmo que as agências de Rating fizeram à nossa dívida pública. Parece que a experiência está ao nível do lixo. O mais curioso é que, em situação de crise de resultados, os mesmos dirigentes irão recorrer a essa experiência para eliminar os riscos de insucesso desportivo.
A experiência nos treinadores, em Portugal, parece atirada para um recanto e apenas se recordam dela quando é preciso “decorar” um colóquio ou um seminário sobre futebol, com as ideias de um treinador com “experiência”. Somos, recorrentemente, convidados para falar da nossa experiência, como se isso fosse o único contributo dado ao futebol, como se não houvesse nenhum outro objectivo senão o de ouvir, rir, criticar e dizer: isso foi há vinte anos atrás.
Ingleses, espanhóis, italianos, alemães e franceses terão todos ensandecido, porque continuam a apostar em treinador experientes e sobretudo competentes. Porque a diferença no futebol nunca se fará entre treinadores jovens ou treinadores experientes. A diferença faz-se na competência e a competência vê-se nos resultados. É por isso que treinadores como Jesualdo Ferreira, Manuel José, eu e outros, estão fora do actual centro de emprego de treinadores nas competições profissionais em Portugal. Porque têm resultados e competência. Não é porque sejam experientes, é porque somos competentes.
Talvez que a única experiencia utilizada em Portugal seja a “experimental” e então “experimentamos”, até que apareça um novo Mourinho. Ainda por cima, todos os que, por detrás de uma “ambição maligna e venenosa e com um Power-Point às costas”, se oferecem por menos dinheiro, não só acabam por dominar o mercado como rebentam com ele. Já o fizeram aqui e começam agora a fazer no estrangeiro.
Embora com excepções que ajudam a defender a regra, a regra continua a ser a mesma de sempre: INOVAR COM AMBIÇÃO (controlada) E EXPERIÊNCIA. Mas, claro, isso custa mais caro aos clubes portugueses. E gostaria de relembrar o lamento sucessivo e consensual que todos os dias se lê na nossa imprensa de que o nosso futebol está falido e a qualidade decresce todos os anos. Mas é, precisamente, em tempos de crise que se devia fazer a refundação do futebol, porque ninguém prefere comprar um mau produto e pagar para ver equipas que não desenvolvem um compromisso com o bom jogo. Isso não me parece uma boa ideia.
Nota: Este texto não é contra os treinadores portugueses mais jovens, é um texto contra o esquecimento de que são vítimas os mais experientes. Eu também comecei a treinar na 1ª Divisão com 31 anos. Mas era, incomparavelmente pior treinador do que sou agora. Tinha a ambicao e inovacao que esta provado nao se perde com a idade ao que lhe juntei a experiencia que se ganha com ela (idade).